Oferta Pão de Açúcar! Imperdível! R$ 8 milhões para Palocci e Márcio Tomaz Bastos usar como caixa dois na campanha de Dilma. Sem precisar prestar serviços!
(Época) O Grupo Pão de Açúcar informou nesta terça-feira (8) ao mercado que não encontrou confirmação de serviços prestados para pagamentos de R$ 8 milhões feitos ao advogado Márcio Thomas Bastos e ao ex-ministro Antonio Palocci. Desse total, R$ 5,5 milhões foram pagos à empresa Projeto, de Palocci,
quando ele coordenava a campanha da petista Dilma Rousseff em 2010,
conforme revelou ÉPOCA. “Não foram encontradas evidências da prestação
dos serviços correspondentes aos demais pagamentos, nem contratos de
prestação de serviços que os amparassem”, disse a empresa, em comunicado
sobre os pagamentos a Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça, morto em
novembro 2014. Além dos R$ 5,5 milhões pagos a Palocci, não há registro
do que Bastos fez com os R$ 2,5 milhões restantes.
Sobre Palocci, a auditoria do Pão de Açúcar afirmou que também não
foram “identificados pagamentos à firma contratada nem serviços
prestados, resultantes desse ou de qualquer outro contrato”. Vale
ressaltar que, em documento enviado à Comissão de Valores Imobiliários
(CVM), na véspera da aquisição das Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, a
empresa informou os nomes de dezenas de pessoas e empresas que
participavam da negociação. Nessa lista, não constava o nome de Palocci e
de sua consultoria, a Projeto.
A investigação interna do grupo Pão de Açúcar, maior varejista do país,
foi constituída para rastrear a origem de pagamentos feitos a Thomaz
Bastos e a Projeto depois que reportagem de ÉPOCA revelou que Palocci justificara com algumas consultorias fantasmas o recebimento de milhões de reais. Os repasses ao petista ocorreram, principalmente, enquanto ele era deputado federal e coordenava a campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010.
Segundo relatório do comitê de auditoria da empresa, obtido por ÉPOCA,
não há registro de consultoria dada por Palocci, nem qualquer material
produzido por ele. A transferência de recursos do caixa do Pão de Açúcar
para a Projeto Consultoria, do ex-ministro da Casa Civil, foi
intermediada pelo escritório de advocacia do criminalista Márcio Thomaz
Bastos – que embolsou, ao todo, R$ 8 milhões da companhia por meio de
um acordo informal, sem contrato.
Palocci é investigado num processo do Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal no Distrito Federal,
que apura suspeitas de improbidade administrativa. Para checar a
denúncia de pagamentos irregulares, o comitê de auditoria do Pão de
Açúcar, formado por sete executivos e três advogados, analisou durante
cerca de 70 dias documentos, contratos, notas fiscais, e-mails e
manuscritos de diversas áreas da empresa, datados de 2009 a 2012.
Essa
investigação se estendeu não só às relações comerciais com a empresa de
Palocci e o escritório de Márcio Thomaz Bastos, mas também à subsidiária
Pão de Açúcar Publicidade, à consultoria de fusões e aquisições Estáter
e à Península Participações, de Abilio Diniz, controlador da companhia
no período em que foram feitos os pagamentos aos ex-ministros.
Nessa varredura, a auditoria do Pão de Açúcar identificou apenas um
contrato assinado com Palocci.Com data de 9 de fevereiro de 2009, previa
ajuda na compra de uma “companhia alvo”. Esse acordo valeria até agosto
daquele ano. Porém, nenhum pagamento ou serviços foram identificados.
O Pão de Açúcar só iniciou as negociações para adquirir a Casas Bahia
dois meses após o término do suposto contrato com Palocci. A fusão foi
anunciada para o mercado em 4 de dezembro de 2009. Quatro dias depois,
Palocci recebeu R$ 500.000 do Pão de Açúcar, intermediado por Márcio
Thomaz Bastos. Outros R$ 5 milhões foram pagos em 2010, quando Palocci
coordenava a campanha de Dilma.
Em sua defesa, o ex-ministro da Casa Civil alega que foi contratado
pelo seu colega MTB no final de 2009 para assessorar o Pão de Açúcar na
renegociação da associação com a Casas Bahia. No entanto, os dois
controladores só passaram a discutir as suas relações no início de 2010 –
e chegaram a uma solução consensual em julho de 2010. Mesmo assim,
Palocci continuou recebendo recursos do grupo varejista até dezembro de
2010, repassados por Márcio Thomaz Bastos.
No auge da campanha que elegeu a presidente Dilma Rousseff, em 4
outubro de 2010, o ex-ministro embolsou R$ 500 mil. Após a confirmação
de seu nome na Casa Civil, recebeu mais R$ 2 milhões do Pão de Açúcar.
Num manuscrito encontrado pelos auditores, está uma ata de uma reunião
realizada em agosto de 2011 entre Abilio e MTB. Naquela época, o MPF
investigava Palocci por suspeita de tráfico de influência e improbidade
administrativa após revelação feita pelo jornal Folha de S.Paulo de que o
então ministro da Casa Civil multiplicara o seu patrimônio prestando
consultorias. Os investigadores haviam notificado o Pão de Açúcar,
pedindo explicações.
No documento, ao lado da anotação “Ponto de preocupação de MTB
comentado c/AB (Abilio Diniz) na reunião de 2ª feira”, está escrito:
“Antecipação de pagtos”. O criminalista estava receoso de que o MPF
questionasse o motivo do pagamento antecipado feito a Palocci em
dezembro de 2009. Esse poderia ser o principal ponto de fragilidade da
defesa.
Em sua conclusão, anunciada para o mercado o comitê especial de investigação instaurado pelo Pão de Açúcar reconhece que fez pagamentos de R$ 8 milhões para MTB entre janeiro de 2010 e maio de 2011 sem qualquer contrato por escrito ou prova de serviços prestados pelo criminalista. A companhia ressaltou que não encontrou indícios de pagamentos efetuados diretamente a Palocci ou mesmo de qualquer serviço prestado pelo ex-ministro, conforme antecipado por ÉPOCA.
Com base em matéria publicada por ÉPOCA, o Ministério Público Federal
no Distrito federal enviou recentemente um ofício ao Pão de Açúcar,
pedindo acesso aos relatórios e aos documentos analisados pelo comitê de
auditoria. As informações da empresa deverão ser fornecidas nas
próximas semanas – para o desespero de Palocci.
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