Independência da PF deixa deputados do PT à beira de um ataque de nervos.
(O Globo) Diante da baixa popularidade do governo, das acusações de corrupção
na Operação Lava-Jato e dos prognósticos da oposição e de partidos da
própria base aliada de que a presidente Dilma Rousseff não concluirá seu
mandato, a bancada do PT na Câmara tem criticado reservadamente a falta
de reação do Planalto.
“Nossa bancada é uma voz clamando no deserto às vésperas da
crucificação. Não estou preparada para ver esse cortejo”, escreveu ontem
a deputada Benedita da Silva (RJ), no grupo de WhatsApp da bancada,
segundo deputados petistas.
O deputado Afonso Florence (BA) defendeu, no mesmo espaço, segundo
relatos, a necessidade de o governo criar um gabinete de crise. Para a
deputada Maria do Rosário (RS), a crise é “gravíssima”, ainda segundo os
integrantes do grupo.
CARDOZO É COBRADO
Já o deputado Zé Carlos (MA) escreveu, segundo petistas, que o PT e o
governo não podem continuar na defensiva, porque “quem abaixa demais o
fundo aparece”. A gota d’água foi a entrevista do diretor-geral da Polícia Federal,
Leandro Daiello, publicada anteontem em “O Estado de S.Paulo”.
Na
entrevista, Daiello afirmou que as investigações da Lava-Jato não vão
parar nem se chegarem perto de Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e de suas campanhas. Disse ainda que as investigações
continuarão “com o ministro José Eduardo Cardozo na Justiça ou não, com o
Daiello na PF ou não”.
Lula e seu grupo no PT têm atacado Cardozo em conversas reservadas.
Eles reclamam que o ministro “não controla” a Polícia Federal e de
supostos excessos na Lava-Jato, além de vazamentos “seletivos”.
A primeira mensagem com esse tom, no grupo de WhatsApp, foi postada
pelo deputado Assis Carvalho (PI) anteontem, segundo colegas de bancada.
Ele cobrou providências do Ministério da Justiça e do governo porque,
segundo ele, o diretor da PF “extrapolou”.
CRÍTICA À AÇÃO DA PF
O deputado Leo de Brito
(AC) foi na mesma linha, segundo integrantes do grupo: “Não tenho nada
contra o ministro (da Justiça), mas o que está acontecendo com a Polícia
Federal é inadmissível. A Polícia Federal virou instrumento político”.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) confirmou que a entrevista de
Daiello não repercutiu bem na bancada:— Eu não gostei. Esse diretor da
Polícia Federal acha que ali é um
quarto poder, que não tem que se submeter a quem foi eleito, a quem tem
voto. Até os ministros do Supremo (Tribuna Federal) são indicados pela
presidente da República e referendados pelo Senado.
Assis Carvalho recomendou, na troca de mensagens, que o líder do PT,
Sibá Machado (AC), e o líder do governo na Câmara, deputado José
Guimarães (CE), procurem Lula para conversar. O deputado Paulo Pimenta (RS) ponderou, segundo petistas, que a
bancada perdeu essa oportunidade na semana passada, ao se reunir com o
ex-presidente.
A entrevista desesperada de Dilma: "não vou cair!". Suspeita de vários crimes, chama oposição de golpista, quando o seu problema é com TSE, TCU, PF, MPF, TRF4 e STF.
(Folha) No auge da pior crise de seus quatro anos e meio de governo, a
presidente Dilma Rousseff desafiou os que defendem sua saída prematura
do Palácio do Planalto a tentar tirá-la da cadeira e a provar que ela
algum dia "pegou um tostão" de dinheiro sujo.
"Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta
política", disse a presidente nesta segunda-feira (6), durante
entrevista exclusiva à Folha, a primeira desde que adversários voltaram a defender abertamente seu afastamento do cargo.
Apesar do cerco político que parece se fechar a cada dia, Dilma chamou
os opositores para a briga. "Não tem base para eu cair, e venha tentar.
Se tem uma coisa que não tenho medo é disso", afirmou a presidente,
acusando setores da oposição de serem "um tanto golpistas".
Com dedo indicador direito erguido, foi mais enfática: "Não me
atemorizam". A presidente tirou o PMDB da lista de forças políticas que
tentam derrubá-la. "O PMDB é ótimo", disse Dilma, esquivando-se de
responder sobre o flerte de figuras do partido com a tese do
impeachment.
Dilma descartou a hipótese de renúncia e comentou o boato disseminado na
internet, e prontamente desmentido por ela, de que havia tentado se
matar. "Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me
matar lá [na cadeia, durante a ditadura militar], a troco de que eu
quero me suicidar agora?".
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Folha - O ex-presidente Lula disse que ele e a sra. estavam no volume morto. Estão?
Dilma Rousseff - Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país.
Dilma Rousseff - Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país.
Lula disse que ajuste fiscal é coisa de tucano, mas a sra. fez.
Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso. Deixa ele falar. O presidente Lula tem direito de falar o que quiser.
Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso. Deixa ele falar. O presidente Lula tem direito de falar o que quiser.
A sra. passa uma imagem forte, mas enfrenta uma fase difícil.
Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é. É uma luta para construir um país. Eu não quis me suicidar na hora em que eles estavam querendo me matar! A troco de quê vou querer me suicidar agora? É absolutamente desproporcional. Não é da minha vida.
Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é. É uma luta para construir um país. Eu não quis me suicidar na hora em que eles estavam querendo me matar! A troco de quê vou querer me suicidar agora? É absolutamente desproporcional. Não é da minha vida.
Renúncia também?
Também. Eu não sou culpada. Se tivesse culpa no cartório, me sentiria muito mal. Eu não tenho nenhuma. Nem do ponto de vista moral, nem do ponto de vista político.
Também. Eu não sou culpada. Se tivesse culpa no cartório, me sentiria muito mal. Eu não tenho nenhuma. Nem do ponto de vista moral, nem do ponto de vista político.
A sra. fala que não tem relação com o petrolão, mas está pagando a conta?
Falam coisas do arco da velha de mim. Óbvio que não [tenho nada a ver com o petrolão]. Mas não estou falando que paguei conta nenhuma também. O Brasil merece que a gente apure coisas irregulares. Não vejo isso como pagar conta. É outro approach. Muda o país para melhor. Ponto.
Falam coisas do arco da velha de mim. Óbvio que não [tenho nada a ver com o petrolão]. Mas não estou falando que paguei conta nenhuma também. O Brasil merece que a gente apure coisas irregulares. Não vejo isso como pagar conta. É outro approach. Muda o país para melhor. Ponto.
Agora excesso, não [aceito]. Comprometer o Estado democrático de
direito, não. Foi muito difícil conquistar. Garantir direito de defesa
para as pessoas, sim. Impedir que as pessoas sejam de alguma forma ou de
outra julgadas sem nenhum processo, também não [é possível].
O que acha da prisão dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez?
Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho. Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas. Acho estranho só.
Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho. Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas. Acho estranho só.
Não gostei daquela parte [da decisão do juiz Sergio Moro] que dizia que
eles deveriam ser presos porque iriam participar no futuro do programa
de investimento e logística e, portanto, iriam praticar crime
continuado. Ora, o programa não tinha licitação. Não tinha nada.
A oposição prevê que a sra. não termina seu mandato.
Isso do ponto de vista de uma certa oposição um tanto quanto golpista. Eu não vou terminar por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real.
Isso do ponto de vista de uma certa oposição um tanto quanto golpista. Eu não vou terminar por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real.
Não acho que toda a oposição que seja assim. Assim como tem diferenças
na base do governo, tem dentro da oposição. Alguns podem até tentar, não
tenho controle disso. Não é necessário apenas querer, é necessário
provar.
Delatores dizem que doações eleitorais tiveram como origem propina na Petrobras.
Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não? Não sei o que perguntam. Eu conheço interrogatórios. Sei do que se trata. Eu acreditava no que estava fazendo e vi muita gente falar coisa que não queria nem devia. Não gosto de delatores.
Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não? Não sei o que perguntam. Eu conheço interrogatórios. Sei do que se trata. Eu acreditava no que estava fazendo e vi muita gente falar coisa que não queria nem devia. Não gosto de delatores.
Mesmo que seja para elucidar um caso de corrupção?
Não gosto desse tipo de prática. Não gosto. Acho que a pessoa, quando faz, faz fragilizadíssima. Eu vi gente muito fragilizada [falar]. Eu não sei qual é a reação de uma pessoa que fica presa, longe dos seus, e o que ela fala. E como ela fala. Todos nós temos limites. Nenhum de nós é super-homem ou supermulher. Mas acho ruim a instituição, entendeu? Transformar alguém em delator é fogo.
Não gosto desse tipo de prática. Não gosto. Acho que a pessoa, quando faz, faz fragilizadíssima. Eu vi gente muito fragilizada [falar]. Eu não sei qual é a reação de uma pessoa que fica presa, longe dos seus, e o que ela fala. E como ela fala. Todos nós temos limites. Nenhum de nós é super-homem ou supermulher. Mas acho ruim a instituição, entendeu? Transformar alguém em delator é fogo.
Tem gente no PMDB querendo tirar a sra. do cargo.
Quem quer me tirar não é o PMDB. Nã-nã-nã-não! De jeito nenhum. Eu acho que o PMDB é ótimo. As derrotas que tivemos podem ser revertidas. Aqui tudo vira crise.
Quem quer me tirar não é o PMDB. Nã-nã-nã-não! De jeito nenhum. Eu acho que o PMDB é ótimo. As derrotas que tivemos podem ser revertidas. Aqui tudo vira crise.
Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.
O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.
O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.
E se mexerem na sua biografia.
Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido
Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido
Dilma afirma que vai defender o mandato com unhas e dentes. Deveria poder usar apenas a Constituição Federal.
Desde que chegou ao poder, Dilma vale-se de expressões populares porque
mentiu tanto e cometeu tantos crimes que não consegue utilizar uma
argumentação republicana e democrática diante dos fatos. Disse que não
reduziria direitos trabalhistas nem que a vaca tossisse e fez
exatamente ao contrário, mexendo no seguro desemprego, abono salarial, e
pensões das viúvas. Hoje, diante das inúmeras frentes que se abrem para
o seu impeachment - crimes eleitorais, caixa dois, pedaladas fiscais - a
presidente afirmou que vai defender o seu mandato com unhas e dentes.Não
deveria. Deveria defender usando a Constituição Federal, simplesmente.
Usa figuras de linguagem porque as leis não bastam mais. Dilma já está
usando a compra de apoios, a pressão sobre as instituições e
parlamentares, a interferência na Polícia Federal e tantos outros
artifícios. A cada dia, o seu mandato fica mais ilegítimo. É uma
presidente que, desde a figura da jovem terrorista presa e torturada,
usa o corpo como defesa, como se, toda vez que é pressionada, estivesse
enfrentando uma guerra. Para se defender, Dilma deveria usar apenas as
leis do país. Não pode. As afrontou. Assim como perdeu a tosse, vai
perder unhas e dentes. O mandato? O mandato é só uma questão de tempo.
Ex-presidente do STF acaba com a histeria do golpismo que tomou conta do PT.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente
do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral Carlos
Ayres Britto afirmou nesta segunda-feira, 6, não ver “perigo de golpe”
contra a presidente Dilma Rousseff, caso as instituições de investigação
atuem “nos marcos da Constituição”.
“Eu não vejo perigo de golpe se as instituições controladoras do
poder, o Ministério Público, a própria cidadania, considerada como
instituição extra pública estatal de investigação, os tribunais de
contas, se todas atuarem nos limites, nos marcos da Constituição não há
que se falar de golpe”, disse.
Em resposta a movimentos de opositores e de setores da sociedade que
defendem a saída da presidente antes do fim do mandato, Dilma e aliados
do governo voltaram a rechaçar a ofensiva e definiram-na como
“golpismo”. “Ninguém está blindado contra a investigação”, afirmou
Britto.
No começo da entrevista, ele também
aproveitou para ironizar a presidente e disse que saúda a delação
premiada “mais do que a mandioca” em referência ao discurso de Dilma na
cerimônia dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas no mês passado em que
ela, em tom descontraído, saudou a mandioca
Ao ser questionado sobre a situação atual da presidente – que é alvo
de um processo no TSE movido pelo PSDB contra sua campanha no ano
passado e também corre o risco de ter as contas de 2014 rejeitadas pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) – Ayres Britto reconheceu o cenário
difícil vivido por Dilma. “Pelo andar da carruagem, a situação não está
boa em nenhuma das duas instâncias.”
O ex-ministro, contudo, evitou se manifestar pela condenação ou pela
inocência de presidente em ambos os casos. “Não quero avançar em um
juízo técnico de antecipação de resultado”, comentou.
No PT, corrupção é questão de atitude.
(Folha) Controlada por sindicatos ligados à CUT e ao PT, a Editora Gráfica
Atitude (edita a revista do Brasil) não apresentou comprovantes dos serviços para justificar o
recebimento de R$ 2,6 milhões de empresas ligadas à Setal Óleo e Gás
(SOG), uma das investigadas na Operação Lava Jato, segundo depoimentos
de funcionários da companhia à Justiça Federal no Paraná.
Nesta segunda-feira (6), funcionários afirmaram que as notas fiscais
chegavam à empresa sem qualquer prova de que os serviços eram
executados. Em delação premiada, o executivo da SOG Augusto Ribeiro de
Mendonça Neto afirmou que os pagamentos à Atitude eram na verdade
propina ao PT.
Ao todo, três empresas de Mendonça –a SOG, a Projetec e a Tipuana
Participações– realizaram transferências bancárias de R$ 2,6 milhões à
gráfica entre 2010 e 2013, mas os contratos com a Atitude foram
assinados pela SOG e outra empresa controlada por Mendonça, a Setec. A
gráfica tem como donos o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato
dos Bancários de São Paulo.
"Não [houve comprovação de serviço prestado], efetuamos os pagamentos
porque havia formalização contratual e autorização [de Mendonça]", disse
Felipe de Oliveira Ramos, gerente financeiro da SOG entre 2007 e 2012.
Outro funcionário da SOG, Johnny Rosa Vignoto, afirmou que autorizou as
transferências no total de R$ 1,1 milhão em 2013 para as contas da
Atitude mediante a apresentação de notas fiscais mesmo sem a entrega de
provas de que os serviços da gráfica tinham sido prestados.
Em depoimento em março, Augusto Mendonça que disse que a Atitude foi
indicada pelo tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto (preso na Lava
Jato) e que todo o valor transferido à gráfica foi descontado dos
subornos que a SOG deveria repassar ao PT em virtude de contratos
assinados com a diretoria de Serviços da Petrobras, referentes a obras
das refinarias Repar, em Araucária (PR) e Replan, em Paulínia (SP).
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