segunda-feira, 23 de março de 2015

Coluna da segunda-feira

    Encarando o povo
Ao ir ao encontro da população nos seminários “Todos por Pernambuco”, já tendo cumprido as etapas dos sertões (seis no total), o governador Paulo Câmara (PSB) dá uma demonstração de que governar bem, atingindo a todos os setores da sociedade, é estar nas ruas, em sintonia com a população.
Era o que Dilma deveria estar fazendo ou ter feito, tão logo reeleita. Levando-se em consideração ao recado recebido das urnas, quando bateu Aécio por uma diferença ínfima, de menos de 2%, a presidente teria, sim, mais necessidade de ouvir o povo.
Mesmo sendo o governante mais votado do País em termos proporcionais, Câmara já está nas ruas. E olhando cara a cara os contras e os favoráveis. Foi assim, por exemplo, em Petrolina, quando enfrentou uma manifestação barulhenta de estudantes da UPE. Recebeu uma comissão dos manifestantes e disse, com humildade e coragem, o que poderia fazer, dissolvendo o protesto.
Foi assim, também, em Floresta, onde enfrentou igual protesto, desta feita de agentes da Polícia Civil. Em qualquer situação, o governador vai para o enfrentamento. No seminário de Afogados da Ingazeira, ouviu na plenária o bispo do Sertão do Pajeú, Dom Egídio Bisol, denunciar a devastação da caatinga por um cartel que vende madeira para carvoarias e indústrias retirada de áreas de preservação.
Imediatamente, delegou ao secretário de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, que participava também do fórum, a missão de investigar para que possa tomar as medidas legais em sintonia com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, a quem garantiu que cobrará uma ação conjunta.
Os seminários têm se constituído na maior tribuna popular do País, numa média de 1,2 mil participantes por região, sendo acolhidas mais de 600 sugestões de ações administrativas por evento, o que na prática confirma o envolvimento da população e a confiança de que será de fato ouvida e atendida pelo Governo.
Caminho diferente da presidente, que ao invés de dar ouvidos ao povo, governa sob o império do PMDB, que já demitiu até um ministro, criando um clima de constrangimento na sua base e envergonhando a sociedade, como foi o caso de Cid Gomes (Educação).
O que se diz em Brasília é que Dilma pode até virar uma rainha da Inglaterra, com a tentativa, orquestrada pelo PMDB de colocar em discussão o parlamentarismo por meio de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional). Existem propostas nesse sentido já em discussão também na Comissão de Reforma Política.
REUNIÃO – Os governadores nordestinos, que se encontram com a presidente Dilma na próxima quarta-feira, às 16 horas, fazem, antes, pela manhã, uma reunião prévia para afinar o discurso. Devem atualizar a Carta de João Pessoa, aprovada no início deste ano, inserindo questões relacionadas à grave crise política, econômica e de moral que abala o País. A coordenação é do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB).
Correndo das vaias – O prefeito de Sertânia, Guga Lins (PSDB), temeu levar uma vaia no ato que o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou, sábado passado, o contorno rodoviário da cidade e inaugurou o trecho da estrada de acesso a Custódia. Segundo ele, o deputado Ângelo Ferreira, seu adversário figadal, teria levado uma claque para hostilizá-lo.





Na corda bamba– Não é só Carlinhos (PSB), o ex-prefeito de Afrânio, que corre o risco de ter revogada a sua nomeação para a Assessoria Especial por ser ficha suja. Outros ex-prefeitos, como José Aglaílson e Neemias Gonçalves, respectivamente de Vitória e Custódia, estão na mesma situação. Basta o Governo identificar se o parecer do Tribunal de Contas pela rejeição de suas contas já foi aprovado pela Câmara.
Mais protestos– PT e o PSDB vão intensificar o embate nas ruas, inaugurado no dia 15. Há protestos previstos para 12 e 21 de abril. O ex-presidente Lula decidiu que não vai assistir o PT e o Governo Dilma desintegrarem. Os petistas planejam promover marchas e caravanas nas ruas, em defesa das transformações econômicas e sociais do País que dizem ter patrocinado em seus três mandatos na Presidência.
FEM para sempre– Responsável pela promoção de mais um seminário municipal, que começa, hoje, no Centro de Convenções, o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), não vai se contentar apenas com o anúncio da terceira edição do FEM pelo governador Paulo Câmara. Ele quer que o fundo especial de socorro aos municípios se transforme numa política permanente de governo.






CURTAS
IGNORADO– Nem o cerimonial do Governo nem tampouco o deputado Ângelo Ferreira, adversário do prefeito de Sertânia, registraram a ausência de Guga Lins (PSDB). Mas o público presente, que percebeu o ato falho do tucano, exagerou na dosagem de aplausos quando o nome de Ângelo e da ex-prefeita Cleide Ferreira eram citados.
A GRANDE FAMILIA– Ex-deputado estadual e pai dos deputados Anderson Ferreira (federal) e André Ferreira (estadual), Manoel Ferreira já comunicou ao comando do PR que será candidato a vereador do Recife nas eleições do ano que vem, alegando que está com saudade do poder.
Perguntar não ofende: Quem governa o País: Dilma ou o PMDB?

PT olha pesquisas com lentes cor de rosa

Josias de Souza - Blog
 PT dedicou quatro parágrafos do noticiário que veicula no seu portal eletrônico à reprodução dos resultados mais recentes coletados pelo Datafolha. Informou que 61% dos brasileiros querem que a Petrobras continue sendo estatal. Absteve-se de mencionar outros resultados da mesma pesquisa.
Ignorou, por exemplo, que 84% —oito em cada dez patrícios— avaliam que Dilma Rousseff sabia que a corrupção carcomia a Petrobras. Sonegou outro dado relevante: 61% acham que a presidente “deixou'' que a ladroagem ocorresse. Outros 23% acreditam que, embora soubesse da pilhagem, ela “não poderia fazer nada.”
Olhar para pesquisas com óculos de lente cor de rosa melhora muito a visão da realidade. O diabo é que é tudo ilusão de ótica.

Por que a Lava Jato ainda pode dizimar partidos

Iniciada há um ano para prender uma quadrilha de doleiros, a Operação Lava Jato acabou trazendo à luz o maior esquema de corrupção da história: enredou uma lista de nomes de primeira grandeza no cenário político, revelou o desvio de cifras jamais vistas e colocou atrás das grades um grupo de empresários milionários. Mas não foi só: uma das novidades da Lava Jato foi fechar o cerco contra partidos políticos como nunca antes em escândalos anteriores. Mais do que a desmoralização dos seus principais quadros, as siglas poderão ter de lutar pela própria sobrevivência na esfera judicial. É o tipo de batalha que pode se arrastar por anos, chegando ao Supremo Tribunal Federal. Mas ela começou.
Dada a grandeza das cifras, é possível afirmar que uma condenação desse tipo dizimaria as siglas. No caso do partido da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, o valor pode chegar a pelo menos 200 milhões de dólares - segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, foi o que ele recebeu em propina, na operação comandada por Renato Duque, o homem do PT no assalto à Petrobras. Ou seja: o PT e seus aliados de preferenciais, o PP e o PMDB, podem receber pela primeira vez no país penalidades diretas por ter colocado a estrutura partidária para camuflar o duto de dinheiro desviado da Petrobras.(Da Veja - Laryssa Borges)
Leia na  íntegra clicando aí: Por que a Lava Jato ainda pode dizimar partidos

Vem aí um novo partido: o de Erundina

Dissidente da Rede, da qual era porta-voz em SP, o historiador Célio Turino é agora um dos líderes da fundação de um novo partido, o Raiz Movimento Cidadanista. No dia 27, será lançado um manifesto com as bases da futura legenda. "A ideia é fazer o inverso da Rede [sigla que a ex-senadora Marina Silva tenta viabilizar]: primeiro organizar grupos pelo Brasil e depois coletar as assinaturas", diz ele. A informação é de Mônica Bergamo, na sua coluna da Folha de S.Paulo desta segunda-feira.
A deputada federal Luiza Erundina participa da criação do Raiz, -- revela a colunista -- embora siga no PSB. "O partido nos dá liberdade para pensar. Não tive que pedir autorização. Não me sinto coagida a ficar a qualquer custo no partido. Estou construindo o Raiz ao mesmo tempo em que exerço o meu mandato", afirma ela.
Segundo Erundina, a ideia é montar uma organização política "de baixo para cima", numa busca "de superação da crise atual, que não é só deste governo, é de um sistema que se exauriu". Afirma a deputada: "É uma construção coletiva, quebrando o padrão de partido hierarquizado, com chefes, donos".


Janot: verdadeira lista sai no final da Lava Jato

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem dito a colegas que a verdadeira "lista do Janot" será a de denunciados que ele apresentará ao final dos inquéritos da Lava Jato.
Procuradores lembram que, no inquérito inicial do mensalão, só havia um deputado: Josias Gomes (PT-BA). Depois, o petista não foi incluído na denúncia de Antonio Fernando, mas vários outros foram denunciados e condenados.
Janot e sua equipe ainda não decidiram se farão uma única denúncia, com todos os acusados, como no mensalão, ou se, estrategicamente, é melhor ir apresentando os inquéritos que tiverem a conclusão mais rápida para apreciação do STF em etapas.  (De Vera Magalhães - Folha de S.Paulo)

No osso

Valdo Cruz - Folha de S.Paulo
Cid Gomes, o breve, mandou os achacadores largarem o osso. Pois esta turma se agarra até a osso, porque, neste momento, está tudo no osso, a carne já foi embora, subtraída pelos corruptos ou consumida pelas cigarras palacianas que gastaram o que não tinham.
Resultado, falta dinheiro nos cofres do governo Dilma, a Petrobras está sem grana para investir, a economia encolhe, os empresários demitem e tem muita gente boa do empresariado atrás das grades. Ou seja, todos estão literalmente no osso.
A tal ponto que um empreiteiro, dos grandes, andou desabafando com amigos que "chega, basta", não fará mais doações para políticos. Ano que vem, de eleição municipal, diz, sua empresa não vai doar um tostão para quem quer que seja.
Primeiro, porque, neste momento, sua empresa precisa se preparar para pagar pesadas multas e ressarcir os cofres públicos pelos desvios feitos na Petrobras. Garante que foi extorquido, mas sabe que, na Justiça, não vai escapar de pagar do seu bolso para salvar sua empresa.
Segundo, antes mesmo disto, a situação está muito ruim. O país está parando, as obras, também, ninguém fala em contratar mais servi-ços, a saída, de fato, tem sido demitir, cortar gastos. Daí que não vai sobrar grana, mesmo que desejasse, para fazer doações eleitorais.
Terceiro, agora criminalizaram até o caixa um, as doações legais. O inquérito da Lava Jato está cheio de confissões de empresários revelando que pagaram propina na forma de doação legal, registrada e tudo.
Por sinal, aí está um grande desafio para Justiça. Como punir tais casos, dinheiro ilícito que virou doação legal. Por mais que os partidos beneficiados neguem, está mais do que provado que isto aconteceu. A turma que deu reconhece o fato. Enfim, o tempo é de penúria. Tomara que o empreiteiro, de fato, seque a fonte. E seja seguido por seus colegas. Ano que vem a gente descobre se era apenas um "desabafo".

A corrupção afunda volta da indústria naval

De O Globo - Ramona Ordoñez e Bruno Rosa
A indústria naval brasileira experimentou uma reviravolta nos últimos tempos. Da euforia da retomada na última década, quando crescia 19,5% ao ano, o setor passou a um quadro de demissões em massa e incertezas, em razão dos casos de corrupção que assolam a Petrobras e parte de seus fornecedores. A recuperação do setor, praticamente inexistente desde os anos 1980, foi um dos pilares do governo de Luiz Inácio Lula da Silva desde o primeiro mandato em 2003, quando anunciou em palanques a construção de plataformas para a Petrobras no país. A medida era parte da política de conteúdo local, impulsionada pela oferta de financiamento público. Da pujança naval — decantada em discursos de Lula e da presidente Dilma Rousseff durante as dezenas de visitas aos empreendimentos — resta agora apenas a lembrança das promessas e o silêncio das autoridades, além de milhares de trabalhadores desempregados em estaleiros de todo o país.
Desde o início do ano passado, quando a crise no setor se agravou, os estaleiros já demitiram cerca de 28 mil trabalhadores. Se somar os reflexos no setor de máquinas e equipamentos, o número de desempregados já supera os 34 mil. E a crise não deve parar por aí. Estima-se que ao menos outros 12,2 mil empregos estão em xeque nos principais polos navais do Brasil, dizem os sindicatos. Os pequenos municípios de Maragojipe, na Bahia, e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ajudam a ilustrar esse cenário. Nas duas localidades, as demissões já se refletem na economia, com piora nas condições de vida, queda no faturamento do comércio e paralisação de obras de infraestrutura. O corte de vagas é resultado do cancelamento de encomendas da Petrobras, com a Operação Lava-Jato da Polícia Federal. 
Leia a matéria na íntegra clicando aí:  Corrupção afunda retomada da indústria naval 

A estados e municípios: trancaram o cofre

A ordem no governo federal é não mandar ao Congresso neste ano a regulamentação da lei que mudou o indexador das dívidas de Estados e municípios, segundo informa Vera Magalhães, na Folha de S.Paulo desta segunda-feira. A colunista revela que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), tem demonstrado irritação com Dilma Rousseff pela mudança na condução da renegociação da dívida e a demora em liberar a verba do PAC para obras na capital paulista. Desde que assumiu, Haddad recebeu apenas R$ 418 milhões dos R$ 8,1 bilhões prometidos pelo governo.
O diagnóstico da equipe econômica, agora encampado pelo Planalto, é que a mudança do indexador só ajuda municípios ricos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e significaria um rombo de R$ 3 bilhões ao ano para o Tesouro.
A renegociação das dívidas é atribuída ao ex-secretário do Tesouro Arno Augustin e, para a área econômica do governo, coloca em risco um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal, daí seu envio para a geladeira, sem prazo de sair de lá.

Alemães investigam propina na Copa de 2014

A empresa alemã de engenharia e serviços Bilfinger afirmou neste domingo (22) que está investigando denúncias internas de pagamento de propinas a funcionários públicos e de empresas estatais no Brasil.
De acordo com o jornal alemão "Bild", a empresa, através da Mauell, um dos seus braços, pagou 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) em propinas para obter contratos da Copa do Mundo-2014. Além de funcionários e políticos brasileiros, ele acusa a Fifa de ter recebido parte desse dinheiro.
Entre vários contratos da Bilfinger no Brasil, está o fornecimento de monitores para o Centro Integrado de Comando e Controle da Copa do Mundo-2014. O órgão, espalhado pelas 12 cidades-sedes do Mundial, centralizava a vigilância e a segurança da competição.
Segundo dados do Portal da Transparência, a empresa recebeu R$ 21,2 milhões do governo federal no ano passado, dos quais R$ 13,1 milhões da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, responsável pelo Centro Integrado de Comando e Controle.
O comunicado publicado pela Bilfinger após a divulgação da reportagem diz que as primeiras investigações apontam que realmente houve o pagamento das propinas. No entanto, ainda não é possível determinar os nomes envolvidos no caso.
A empresa prometeu ainda tomar ações legais contra quem participou do esquema caso fique comprovada sua existência.

Financial Times: crise piora antes de melhorar

Em editorial publicado neste domingo (22), o jornal inglês "Financial Times" falou sobre a crise econômica e política do Brasil e questionou o poder das instituições nacionais em lidar com o momento.
O texto alerta para a recessão econômica prevista para este ano e afirma que a "crise do Brasil é ruim e vai piorar antes de melhorar. Mas ainda assim poderia ser pior". O jornal enumera problemas da gestão de Dilma na economia, cita o escândalo da Petrobras, os protestos contra o governo e a desvalorização do real em relação ao dólar para mostrar a situação do país. "A maior parte da culpa é do próprio Brasil", diz o editorial.
Citando países como Chile, Colômbia e Peru, o "Financial Times" diz que outras economias que também aproveitaram o "boom das commodities" continuam crescendo e não sofrem com a mesma ressaca brasileira.
"Não está tudo ruim para o Brasil, porém. O país ainda está muito longe de voltar à superinflação e suas instituições estão bem, especialmente o judiciário", afirma o editorial, que lembra do Mensalão e da Lava Jato ao citar políticos e empresários de peso que foram presos, "algo impensável alguns anos atrás".
O jornal conclui brincando com o clichê do "país do futuro" dizendo que, apesar dos problemas, o Brasil ainda tem um futuro pela frente.
NEW YORK TIMES
Neste fim de semana, o jornal "The New York Times" também publicou um editorial sobre a situação política e econômica do Brasil. No texto o jornal americano diz que "sob Dilma, a voz do Brasil virou um sussurro".

O Mais Médicos: a outra versão

Carlos Brickmann
O programa Mais Médicos é uma resposta positiva às manifestações de 2013, com o objetivo de atender à população carente sem acesso à saúde. Só que não. Hoje, já se sabe que essa história é lenda. O ótimo repórter Fábio Pannunzio, da Rede Bandeirantes, desencavou uma gravação não autorizada da reunião em que se combinou a trama clandestina entre cubanos, Governo brasileiro e Organização Pan-Americana de Saúde, Opas.
A coordenadora da Opas, Maria Alice Barbosa Fortunato, diz: "Se a gente coloca ‘governo cubano’, se o nosso documento é público, qualquer pessoa vai entender que a gente está driblando a coisa de fazer acordo bilateral e pode dar uma detonada." Para fingir que não era acordo bilateral e ocultar o objetivo real de trazer cubanos e transferir dinheiro brasileiro para Cuba, sugere a inclusão de uns poucos médicos de outros países. "A gente pode colocar (...) Mercosul e Unasul, para tirar o foco de Cuba (...)"
Estaria o Governo brasileiro a par de tudo ou a iniciativa seria de funcionários ativistas? O Governo sabia de tudo. O assessor para Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, Alberto Kleinman, diz que salários e forma de pagamento tinham sido definidos por Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência. Seriam 60% para o Governo cubano e 40% para os médicos. O contrato que definiu o envio de dinheiro brasileiro a Cuba - mais da metade do salário de cada médico - foi redigido no fim de 2012. E ficou guardado até o meio de 2013, quando o programa surgiu como se atendesse às manifestações.

Congresso fará do tigre um gatinho

Carlos Chagas
Arrisca-se a presidente Dilma a novo escorregão: anuncia que só cuidará da reforma do ministério, mesmo pontual, depois de o Congresso aprovar o ajuste fiscal. O problema é que da forma como as medidas provisórias foram encaminhadas, elas não passam. Nem o PT concorda com a redução do salário-desemprego e as limitações para as viúvas receberem pensões. As centrais sindicais, inclusive a CUT, são contra. O empresariado, com vasta influência  sobre deputados e senadores, já  atua para impedir o fim da desoneração das folhas de pagamento. O aumento  de impostos será barrado por inconstitucional, se insistirem na sua aplicação para o  ano em curso. E assim por diante.
Está o Congresso preparado para transformar o tigre num gatinho. O próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sabe disso, tanto que desmentiu a hipótese de pedir demissão caso suas propostas venham  a ser rejeitadas. Continua trabalhando,  até  visita  o presidente da Câmara toda semana, mas suas esperanças diminuem.
Além da reação específica  a cada uma das maldades  desejadas pela equipe econômica, registra-se a união dos  trabalhadores com  a classe média contra o  modelo adotado por Dilma, de seguir a receita  aviada na Europa pelos países ricos para debelar a crise nos países pobres. Afinal, cortes nos investimentos sociais, demissões crescentes, endividamento e  elevação de impostos penalizam os mesmos de sempre.
A presidente Dilma ainda teria condições de obter a aprovação de uma parte das medidas do ajuste caso contrabalançasse os sacrifícios exigidos dos assalariados,  dividindo-os com as elites. O imposto sobre grandes fortunas e sobre as heranças, por exemplo. E a limitação do lucro dos bancos e   das remessas de lucro das multinacionais para o exterior, assim como  a  taxação de terras improdutivas. Como dessas iniciativas não se ouve falar no palácio do Planalto, a conclusão  surge óbvia: o governo será derrotado em suas pretensões.

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